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Estamos deixando de ser criativos?

Tudo indica que sim. Pelo menos é o que sinto ao perder algumas habilidades para as comodidades da tecnologia. Como muitos já nasceram inseridos no mundo digital nem percebem o quanto poderiam ser diferentes e quem sabe, até mais criativos.


O exemplo mais recente foi o de perceber como fiquei dependente do aplicativo de GPS Waze. Antes eu memorizava todos os caminhos e atalhos alternativos, hoje parece que não consigo fazer o mesmo caminho duas vezes sem antes consultar o celular.


Mas o primeiro grande impacto que tive foi com o surgimento do computador gráfico na década de 80, quando ainda morava em Nova Iorque e almejava ser artista plástico, mais especificamente pintor. Como trabalhava em uma agência de design gráfico fui exposto a computação gráfica logo no seu início e passava a maior parte do dia criando com essa nova ferramenta, mas eram nas noites e finais de semana que me dedicava à pintura de quadros em acrílico sobre tela.


A computação gráfica foi a tecnologia que mais me impactou porque a minha cabeça começou a processar a construção de imagens de forma diferente, dificultando cada vez mais o processo da pintura que, por sua vez, não possuía comando Z, mandar um objeto para trás ou deletar um elemento, enfim, tudo se tornou muito difícil de se fazer com um pincel. Agora, fazer as coisas com o mouse era simplesmente incrível, como todas as outras tecnologias que vieram depois disso, como internet, smartphones etc.


Hoje estou completamente rendido a tecnologia e maravilhado com todas as suas possibilidades, Também sou feliz por ter vivido os dois lados da humanidade, o antes, onde tudo era analógico, e o depois nessa era digital.


Foi outro dia que percebi o nível de dependência em que chegamos quando acabou a eletricidade e ficamos no escuro, sem TV, sem internet, sem bateria do celular e bateu aquele grande vazio...


Me lembrei que quando era jovem, em uma situação dessas, podíamos ler um livro, ou no meu caso que gostava de desenhar, passava horas debruçado sobre a minha prancheta, mesmo à luz de velas. Era uma bem época diferente. Acreditem que chegava a ter dificuldades para dormir por não saber a resposta de uma dúvida. Hoje o Google lhe atende com respostas imediatas.



Lembro também quando nos reuníamos na casa de amigos só para gravar fitas cassetes com as últimas músicas das bandas do momento. Deixávamos recados em secretárias eletrônicas na esperança de um breve retorno. Hoje está tudo disponível na palma das nossas mãos de forma instantânea e banal.


É uma pena ver jovens mergulhados em seus celulares alheios ao jardim por onde caminham, sem perceber que existem muito mais ao seu redor… Jovens digitalizados que estão prestes a mergulhar no Metaverso e conviver com Inteligências Artificiais que determinarão como serão felizes e o que deverão consumir.


É por isso tudo que acho que éramos mais criativos sim, frente as dificuldades que não existem mais. Tudo isso faz com que deixemos de usar partes do cérebro que eram antes bastante ativas e não são mais. São diversas as área afetadas pela tecnologia e só o tempo irá dizer o rumo que tudo isso nos levará como humanidade. Eu, particularmente, acho que éramos mais criativos por falta de opções, porque não tínhamos Netflix, YouTube, Instagram, TikTok e todas as outras coisas que acabam nos deixando anestesiados e cada vez menos criativos.


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